sábado, 22 de janeiro de 2011

Heavy Metal ou elogio a intolerância?



Por Diego Fernandes

Helloween
27 de Abril de 2008, Chevrolet Hall – Recife.  Adolescentes, jovens e adultos se misturam para prestigiarem umas das bandas pioneiras do Power/Speed Metal; Helloween. Uma multidão “empretecida” se reuniu para ver dois grandes ícones do Heavy Metal, os quais aportavam pela primeira vez em “hellcife”. Ao lado da já citada Helloween, Gamma Ray também dava sua cara, contribuindo para uma noite de puro Power metal, comandada pelos vocais de Kai Hansen e Andi Deris. Trago essa agradável lembrança não para recontar o espetáculo nem tampouco para expor minhas impressões. Gostaria de usar um momento ocorrido naquela noite alucinante de 27 de abril para discutir algo que nem sempre atentamos.
          Chevrolet Hall lotado, com fãs esperando o tão aguardado momento de abertura do show, onde Helloween e Gamma Ray destilariam seus clássicos. Para entreter o público e diminuir a ansiedade da espera, os produtores do espetáculo resolveram acionar o telão e passar alguns clipes.  No inicio, tudo ótimo, a idéia parecia ter funcionado; todo mundo agitando com as músicas de Blind Guardian, Iron Maiden, Megadeth. No entanto, um silêncio e uma risada tomam conta da multidão, quando surge no telão um clipe da banda Linkin Park. Quase todos que estavam no show ignoraram aquele clipe, só voltando a olhar para o telão quando figurava nele uma banda de Metal.
Terminado o clipe do “intruso”, voltava-se para a mesma seqüência; Blind Guardian, Iron Maiden, Megadeth. Quando aparece novamente a música do Likin Park, os headbangers não agüentaram, extravasaram tudo o que haviam controlado quando da primeira vez que suportaram o clipe. Em vez de risos, o que tomou conta do Chevrolet Hall dessa vez foram vaias e mais vais. Alguns mais exaltados chegaram a atiram copos de plástico no telão. Com esses gestos, os metaleiros pareciam dizer que aquele clipe era uma profanação, uma ofensa aos “true metalheads” que estavam ali para cultuar uma banda de metal. Tal qual os padres do Medievo, boa parte das pessoas ali presente condenou aquela música, vista como uma espécie de blasfêmia contra o Metal, uma heresia, em uma palavra; falsidade. Link Park estava não só ofuscando o brilho do espetáculo, mas meio que difamando o nome de duas grandes bandas do Heavy Metal.
Link Park
Fico intrigado como o fato de que nenhum outro gênero musical consegue ser tão intolerante musicalmente quanto o Heavy Metal. Qualquer pessoa que tenha o mínimo de respeito à diversidade se espanta com o radicalismo musical que domina a mente de muitos metaleiros. Entre estes, a semelhança do INDEX da Igreja Católica, existe uma lista de estilos musicais que o bom metaleiro não pode ouvir, sob pena de arder aqui na terra mesmo, diante das criticas e humilhações que irá sofrer.  É claro que existem exceções, que algumas raras mentes não se deixam contaminar pelo vírus do extremismo.  Mas isso são apenas louváveis exemplos, e não a regra.
A tônica dos headbanger é a intolerância musical, o desprezo e inferiorização de outros gêneros musicais. A intolerância chega ao ponto de até mesmo dentro do próprio Heavy Metal existir rixas e repulsas, do tipo “Hard Rock é coisa de bixa”, “Metal de verdade é Death/Thrash”. É comum no meio metálico os conflitos entre os blacks (que curtem Black Metal) e os adeptos de outros estilos musicais menos pesados e agressivos. Nunca vi um forrozeiro brigar com outro forrozeiro por questões musicais, assim como nunca ouvi dizer que em um show de forró as pessoas vaiassem quando tocassem outros estilos musicais. Essas bizarrices e infantilidades parecem só ocorrem onde não existe o respeito pela diferença, onde se pratica uma inferiorização e ridicularização do Outro.  Qual é outro estilo musical que cria categorias de identificação como “true” (verdadeiro) e “poser” (falso)? Que outro gênero musical inferioriza e ridiculariza outras bandas? Às vezes penso que o Heavy Metal é uma grande seita.     

sábado, 15 de janeiro de 2011

Além de pontes...e Pré-conceitos musicais...


Right!
          Nunca gostei de ficar preso ao passado, mesmo sendo aspirante a historiador...hehehe. Na verdade houve um tempo em que desprezava muita coisa, porque as pessoas que andavam comigo eram tomadas por preconceitos bobos. Não sou “influenciável” por assim dizer, mas era muito jovem e de certa forma minhas opiniões nem sempre eram ouvidas, por isso muitas vezes eu acabei por deixar que “fizessem” minha cabeça...

ALTER BRIDGE

Well,

          Comecei com esse “desabafo”, pois a banda que vou indicar agora não se enquadra em um estilo especifico, sendo rotulada muitas vezes de “alternativa”. Tal denominação é estranhamente forte, haja vista que não limita o talento daqueles que fazem esse tipo de som, mas é também muito pouco compreendida, pois muita gente acaba por não levar tais grupos a sério. Eu prefiro ficar com a primeira afirmação, gosto de virtuosismo, por isso ultimamente algo que não sai de meu playlist é a matadora Alter Bridge.
          O Alter Bridge, é um Creed melhorado (minha opinião). Na verdade não gostava de Creed, hoje vejo que é uma boa banda, mas o Alter tem um som mais forte, muito mais trabalhado. As semelhanças entre Alter Bridge e Creed, não se limitam aos integrantes da banda, já que conta com o guitarrista e líder Mark Tremonti, além de Brian Marshall (ex-baixista da formação original do Creed), e Scott Philips (baterista, também do Creed), para os vocais e guitarra base a responsabilidade é do Myles Kennedy (ex- The Mayfield Four) que também é o vocalista da turnê solo do Rei da Cartola, Slash, e que é um dos mais cotados pra assumir os microfones do Velvet Revolver.
          Para provar o que estou afirmando, vou indicar os dois últimos álbuns da banda, que ao todo lançou três. O primeiro de 2004 “One Day Remains”, ainda lembra bastante o Creed, mas o segundo de 2007 “Blackbird” é muito original e muito mais pesado e técnico. Já o mais recente produto do Alter Bridge “ABIII” é tão bom quanto o anterior, só que ainda mais técnico.
          “Blackbird” começa com a forte “Ties That Bind”. Tem baladas como “Watch Over You” (que já fez parte da trilha sonora do seriado Smallville), e  “Blackbird”, que pra mim é a obra prima da banda, uma música que revela todo o poder das guitarras de Tremontti, e mostra porque Myles Kennedy tem uma das melhores vozes do Rock atual. Esse álbum é cheio hits, mesmo só tendo emplacado três músicas nas paradas. Então se quiser algo forte, e que não vai decepcionar, esse é o caminho certo para se conhecer o Alter Bridge.

"Blackbird" :


          Já o recente “ABIII”, fica muito perto do seu antecessor, e posso dizer que ainda é muito mais trabalhado e cheio de riffs , e conta com a participação de Tremontti nos vocais, aliás esse é um álbum muito versátil, pois Kennedy também emplaca alguns solos bem matadores! O primeiro single “Isolation” é bem pesado, mas o destaque fica para “Slip To The Void”, que tem um inicio um pouco despretensioso, mas que se mostra como uma fortíssima música, principalmente devido às alternações nas guitarras, solos de guitarra no começo, no meio, no final e acompanhando a letra da música. 


          É isso!Alter Bridge, que não importa se é Post-Grunge, Hard Rock, Post- Hard, Alternativo...são apenas rótulos. E como diz meu avô, “Marca não faz qualidade”.
Abaixo os links para download de “Blackbird” e “ABIII”

“Blackbird”:


“ABIII”:

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

"No final das contas, as aspirações românticas da nossa juventude se reduzem a o que for que funcione" (Woody Allen, Whatever Works). Por Diego Fernandes

 

Gosto de filmes que tratem da vida. Não sou daqueles cinéfilos que se regozijam com filmes viajantes, fantasiosos, que imaginam mil e um devaneios. Ficção, no sentido que habitualmente damos a essa palavra, não me apraz muito quando se trata cinema. Ao invés disso, prefiro filmes que abordam experiências do dia a dia, que contam histórias que logo reconhecemos como “vivíveis”.  Filmes que figuram no meu rol de interessante são justamente aqueles que, uma vez assistido, digo; “isso realmente acontece na vida”. Julgo um bom filme quando a história representada se aproxima das experiências que nós, (meros) espectadores, vivemos. Nesse sentido, o filme “Whatever Works”, de Woody Allen, foi pra mim um prato cheio.
            Whatever Works (traduzido como “tudo pode dar certo”) reproduz mais uma vez os clichês do seu diretor, ou seja, Nova York do século XXI e personagens neuróticos e pessimistas. Conta a história de Boris Yellnikoff (Larry David), um velho rabugento que, após tentar se suicidar, passa sua vida “ensinando” xadrez a umas crianças e reclamando do mundo numa roda meio cult de amigos. Sua vida estava toda rotinizida, sem nada de novo e inusitado, até quando aparece uma jovem alegre e simpática que muda a vida de todos, a Melodie Celestine (Evan Rachel Wood). Mais do que contar ou resumir a história do filme, destaco aqui três pontos alto do filme.
            Logo de saída, o espectador mais atento se remexerá na poltrona ou sofá da sala. Isto porque já nas cenas iniciais Boris se dirige para nós, espectadores. Alá Machado de Assis, o diretor coloca seu personagem principal para conversar com a platéia. Toda estranheza de Boris não é suficiente para que não se identifique com a platéia. Há no filme uma comunicação entre o público e personagem. O que deixa o filme ainda mais atrativo. Além de, obviamente, estraçalhar a fronteira entre realidade e ficção.  Como toda obra cinematográfica de Woody Allen, Whatever Works é recheado de diálogos analíticos, que perscrutam o amor, a vida, o mundo, a amizade, o acaso, etc. De um desses diálogos, brota-se a brilhante frase, que poderia ser dita por qualquer intelectual ocidental pós 1968; "No final das contas, as aspirações românticas da nossa juventude se reduzem a o que for que funcione" (daí o Whatever Works do título). O filme traz essas discussões existenciais sem cair numa monotonia ou academicismo.
            Por fim, destaco nesse breve texto uma qualidade ímpar de Woody Allen; sua capacidade de saber fazer um final feliz. Sempre que assisto a um filme do diretor norte-americano fico espantado com o fato de que, mesmo os personagens se dando bem no final, as coisas não terminam lá muito alegres. O desfecho é feliz para os que figuram no filme, todos se ficam bem, mas, a despeito disso, permanece uma certa sensação de que as coisas podem não dar muito bem. A felicidade chega, mas não se sabe até quando ela vai durar. Wood Allen consegue, mesmo fazendo finais alegres, deixar no ar uma certa inquietação, um receio de que tudo pode acontecer. Das telas derradeiras, parece escorrer a dúvida, o imprevisível, o acaso. 

O Autor: 

      Grande Diego, colega de turma do curso de História da UFRN, e amigo de vida e de Hard Rock!Sempre que possível vai nos brindar com uma de entretenimento e duas de Vodka!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Eu, Hard Rock e Chiclete com Banana...




 Right!




I'm Gunner!


Meu passado me condena?!


A música é um território livre, assim como qualquer expressão artística. Dizendo isso não afirmo que gosto de todo tipo de estilo musical, mas sou adepto da ideia de que “aquilo que lhe faz bem é exatamente aquilo que você quer que te faça bem”. Se você gosta de Aviões do Forró, isso é bom, especialmente para você. Acredito também que dizer a uma pessoa que o gosto musical dela é péssimo, ou que ela não tem cultura, é um erro extremamente ridículo! Talvez para você “True From Hell”, ouvir Chiclete com Banana, ou “Vou não, posso não, minha mulher não deixa não”, não seja tão agradável... Realmente não é! Mas desprezar as pessoas por seu gosto musical não me parece uma coisa muito inteligente, até porque tudo depende de “como”, “quando” e “Por Que” cada ser vivente decidiu gostar de determinado estilo musical...
Dito isto, gostaria de citar meu exemplo. No inicio da década passada, tive minha “iniciação” no Hard Rock, digo, comecei a ouvir Hard Rock, porque uma “iniciação” no Hard Rock deve ser regada a álcool, drogas e sexo com peruas loiras peitudas (e não, ainda não participei disso ¬¬). Enfim, me lembro que era Show do Guns N’ Roses no RIR 3. Mesmo com algumas bizarrices da Banda, que estava sendo remontada naquela época, aquilo era a coisa mais incrível que eu havia visto com 12 anos de idade. Daí para que eu me transformasse em fã da “Banda mais perigosa de todos os tempos” Foi um mero detalhe. Outra forte influência foi um primo que também curtia a Banda na época. O mais interessante nisso tudo, foi que até o RIR 3, estava cercado por Chiclete com Banana, e outras bandas de axé por todos os lados...costumo dizer que Mr. Rose me salvou disso tudo...
Claro que não parei por aí: Iron, Metallica, SkidRow, Ozzy, Deep Purple, The Doors e outras dezenas de bandas de Rock/Hard/Heavy começaram a fazer parte de meu Playlist. Não me envergonho de dizer que era “Chicleteiro”, pelo contrario, costumo brincar que lenços na cabeça sempre fizeram parte de minha vida... Só que agora muito mais Hard!